quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

JULHO DE 2013 - FORTES EXPERIÊNCIAS PARTE 3

A última experiência que gostaria de compartilhar, deste ano de 2013, foi a participação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Retornando de Minas Gerais, lindo estado onde aconteceu o Encontro Internacional da Cáritas, encontrei o meu hóspede: Fábio Conte. Ele faz parte da Diocese de Treviso, Itália, e juntamente com nove jovens veio para JMJ, inicialmente participando da Semana Missionária na área missionária onde a diocese realiza sua ação missionária há mais de quinze anos, em Manaus-AM.
 


Conte é bem tranquilo e a comunicação fluiu naturalmente. Na programação, visitamos nossas comunidades, projetos sociais promovidos pelo Movimento Comunitário Vida e Esperança, missão na comunidade do Puraquequara, encontro das águas e o centro da cidade. Neste tour pela cidade, tivemos o desafio de apresentar nossa realidade. Os padres nos posicionaram como lideranças do tour, eu e Tenasol Frank, no momento meu noivo, mas inicialmente senti-me insegura até que Pe Claudio questionou: "vocês lideram mais de cem jovens da área e estão empacados com dez?", com essa indagação, tomamos a frente e lideramos com segurança o tour. 
Esse momento de acolhida e vivência na semana missionária foi gratificante e enriquecedor para os nossos visitantes. Acredito que muito mais forte para eles que experimentaram a nossa realidade. Trocamos nossos contatos e ainda mantemos hoje em dia. Com o Conte mais ainda, pois, Rosianny, aquela moleca travessa que corria para me abraçar quando criança, está mantendo uma relação afetiva com ele. Eles se aproximaram bastante e esta relação está bem séria.
Saindo da Semana Missionária fomos para o Rio de Janeiro. Nossos 40 peregrinos foram divididos em três grupos para voar rumo a cidade maravilhosa. Para muitos era o primeiro voo, como meu amigo Rosenildo, que não tirou a cabeça da janela, rsrs. Na partida, alguém do nosso grupo iniciou a oração do Pai Nosso e naturalmente os outros passageiros rezaram juntos. Foi um momento bem marcante e firme da expressão de nossa fé. 
Chegando no RJ, com um dia de antecedência, ainda tinha sol, então, visitamos a praia da Barra, onde muitos tiveram o primeiro contato com o imenso mar e água salgada, e o Cristo Redentor, que tinha uma fila quilométrica onde enfrentamos para não perder a viagem, afinal, em qualquer outro dia teria a fila. Porém, formou-se um tempo frio e chuvoso e nossa visualização não foi boa, mas nossa emoção sim, pois o local estava lotado de jovens diferentes e era como se estivéssemos chegado ao topo de nossa missão. Lembrei de todo caminho feito pelos jovens da área, todos os nossos eventos e reuniões de preparação. Ouvir o Pe Stefano gritar e gritar: "Estamos em Rio", foi maravilhoso. Oramos ali juntos e lembramos de nossas comunidades e nossos trabalhos. Um momento inesquecível!
Nesse dia também aconteceu a primeira gafe com o Cláudio, ele tem um problema na traqueia e consequentemente tem rouquidão. Gritei para ele: "Cláudio grita ai pela Gerlane!", todos olharam para mim franzindo a testa e deduzi o porque: "como ele vai gritar Thay?" caímos na gargalhada por conta disso.
Depois desse dia, o frio só aumentou. A temperatura variava entre 19º e 12º. Como verdadeiros amazonenses, sofremos. Ficamos em uma escola para crianças e as coisas eram pequenas: mesas, cadeiras, chuveiros, pias, vasos sanitários, e não tinha chuveiro elétrico, o que motivou apenas um banho por dia. Na catequese, que era perto da escola, tivemos a experiência de uma animação carismática. Com cânticos e orações pulsionadas apenas para o Deus do céu e para o individualismo. Aliás, toda a animação da JMJ era nesse sentido. Não me senti contemplada! Canção Nova e Shalom tomaram conta e não diversificaram as culturas. A minha sorte, é que encontrei uma roda de seis jovens no metro cantando Nego Nago. Eu dancei com eles e eternizei esse momento em minha memória.

Não posso deixar de mencionar os problemas de relação que tivemos. Afinal, onde tem muito cacique para pouco índio, há desavenças. E isso aconteceu nos primeiros dias, o que não prejudicou nossa peregrinação. Mas apontou para uma qualidade e defeito meu: poder de articular jovens para unir ou romper #pararefletir.
Também tivemos grandes complicações para andar no Rio de Janeiro. Demorou uns dias para entender a lógica do sistema de transporte. Numa dessas perdidas, aconteceu outras gafes com Cláudio. A senhora estava tentando nos explicar a rota para a escola quando ouviu o Cláudio e falou: "Dá chá de gengibre para esse menino!", a gargalhada aconteceu somente quando nos afastamos. Outra senhora atendeu ele dizendo: "tá roco de tando gritar pelo Papa né?" essas gafes trouxeram para nossa viagem muitas gargalhadas que até hoje lembramos.
Encontrei os amigos da Cáritas Brasileira e também do MJPOP, que receberam convites para participar da via sacra na área dos convidados. Rio de Janeiro estava lotada de jovens e adultos de várias nacionalidades que se misturavam dando a beleza das cores nas ruas da cidade maravilhosa. Para chegar perto do Papa era preciso muita luta e apresentação de credenciais e pulseiras. Essa não foi uma boa experiência, pois, recebi uma credencial, que me custou ir na cidade do rock duas vezes para pegá-la, para sentar mais perto do altar e do Papa. Só consegui entrar nessa área com a ajuda de um espanhol. Senti-me uma fracassada por conta da minha pequinês e falta de influência, mesmo assim, consegui entrar, mas fiquei na parte externa, o que me deixou irritada, pois levei duas horas para entrar, ficar sozinha e longe do altar. Esperei apenas o Papa entrar e voltei para o encontro dos meus amigos. A Vigília foi intensa e forte com as reflexões do Papa. Dormimos na praia de Copacabana e acordamos com tímidos raios solares naquela manhã. Foi lindo o amanhecer desse penúltimo dia.
Após a missa final, encontramos nossos amigos da Itália e brincamos na praia até o entardecer. Era o único dia de sol, então aproveitamos bem. No dia anterior, houve um tímido sol, que ajudou a esquentar ainda mais a busca pelo kit da Vigília. Fila imensa e desorganizada. Apesar de eu questionar sempre o jeitinho brasileiro, optamos em burlar as filas, e praticar a corrupção, para obter nossos kits que valiam a pena (prometo evitar fazer isso, me enoja).
Na última noite no RJ, fomos para churrascaria gastar nossos últimos centavos da alimentação. Comemos bastante e finalizamos nossa noite muito bem. Para retornar, tomamos um café simples e nos encaminhamos para o aeroporto. Uma viagem bem legal com os amigos, padres e irmã. Fortalecemos nossas amizades e percebemos nossa necessidade de melhorar nossa articulação, pelo menos eu percebi isso em mim. E isso ajudou-me a melhorar meu diálogo e minha forma de abordagem. A experiência só certificou a afirmação de que juntos podemos. Uma boa lição para vida toda!
"Não tenhas medo..." (Papa Francisco)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Julho de 2013 – Fortes Experiências Parte 2



Seguindo as experiências fortes de julho de 2013, recordo o encontro internacional dos jovens da Cáritas. O título se trata de encontro internacional, mas na verdade estavam presentes jovens da América do Sul e Central, além dos jovens brasileiros.


Não faço parte do GT Juventude da Caritas Brasileira, mas para a organização o convite se estendeu e acabei representando o norte. Por isso, viajei dia 10 de julho para Minas Gerais, Belo Horizonte, sede do regional da Caritas de Minas. Cheguei 02 dias antes para ajudar a equipe na organização do encontro. Desembarcando em Minas Gerais, Leon e Rafael, foram nos recepcionar. Ao sair do aeroporto, senti um frio que nunca sentira no Amazonas. A temperatura estava a 13°. Ainda bem que o caminho até o carro foi rápido. Nesse mesmo dia era a semifinal das Libertadores e o Galo, Atlético Mineiro, estava jogando com um time argentino, eu não lembro o nome e nem sei se era da Argentina. Enfim, BH estava naquela tensão e vazia, pois muitos assistiam a esse jogo que foi para a cobrança dos pênaltis e finalizado com a vitória do Galo.

Nesses dias antecedentes ao encontro percebi o quanto o povo mineiro é acolhedor. O Leon, que é do GT é uma pessoa super gente boa, preocupado com o bem estar de todos. A Gheysa também. Mulher linda e super simpática. Parecia que a conhecia a um bom tempo. 

Estar com esse coletivo fez-me sentir parte de uma grande rede de jovens que são protagonistas. Com eles aprendi bastante e me dediquei naquilo que sei fazer para os preparativos do encontro. Enquanto isso, os jovens de outros lugares começavam a chegar. Rostos lindos, sonhos visíveis e muita alegria. Isso me encanta!

Estando na organização nós perdemos um pouco do contato direto com a base, mas sempre que podia me enturmava e fazia outras amizades. O local do encontro foi na cidade Mário Campo, perto de BH com mais friiioooo!!! Usava duas camisas, meia-calça. Sofri no primeiro dia com a garganta, mas depois comecei a me adaptar. Até usei bermuda, kkkk. Peguei um pano da Alessandra e usei como cachecol que ajudava um pouco.

O encontro foi bem livre. Sem cobranças e burocracias. O povo ficava bem a vontade, mas não esquecia das responsabilidades. Isso achei bem diferente, pois estou acostumada com correria, pressão no horário: Isso não foi preciso.

A festa de confraternização foi no estilo de música sertaneja e eletrônica. Em Minas Gerais, a cachaça é como água. E com o frio ela descia bem. Por isso, eu tomava. Já a cerveja era gelada e o que eu mais queria era esquentar meu corpo. A festa foi muito boa. Os jovens representantes do Amazonas era Vanessa, da PJ, e Jorge de Tefé. Divertimo-nos bem. Até dançamos o “forró daqui”. O povo gostou de nos ver dançar. Eu fiquei com muita vergonha.

No norte do Brasil não temos experiências de trabalhos com jovens, apenas jovens sendo voluntários e trabalhando na Cáritas.

Mas tudo que é bom, dura pouco! Na verdade para mim durou pouco, porque a proposta é a continuidade na Jornada Mundial da Juventude, mas eu já havia comprado minha passagem e iria pela área missionária. Então tive que retornar.

 
Retornando a Manaus, iria encontrar Fábio: peregrino da diocese de Treviso que se hospedaria em minha casa. Na verdade ele chegara no dia 15/07 e eu não estava em casa, mas o Tenasol foi o seu acompanhante até minha chegada. Essa emoção é a 3ª parte dessas experiências.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Julho de 2013 – Fortes Experiências – Parte 1



No Brasil, julho é o mês de férias das escolas e faculdades. É o inicio do segundo semestre do ano. Mês da copa do mundo. Mês do rock, da juventude e de tantos outros possíveis acontecimentos, é o mês do meu aniversário. Por isso, me alegro muito quando esse mês chega.
Em especial no mês de julho de 2013 vivi fortes emoções. Além, é claro de saudar minhas vinte e seis primaveras. Nesse momento destacarei a primeira parte vivenciada.
O momento se chama “Ajurí da Cidadania”, antes era denominado como “Aventura na Floresta”. Confesso que essa denominação soou estranhamente aos meus ouvidos, por isso questionei: "Esse povo pensa que aqui só tem floresta?"
Parece que ouviram meu clamor silencioso porque a ação foi renomeada para “Ajurí da Cidadania”. Ajurí, na língua tupi-guarani, significa mutirão. Jovens líderes do Monitoramento Jovem de Políticas Públicas (MJPOP) oferecerão oficinas de cidadania nas comunidades ribeirinhas do município de Manaquiri-AM, navegando no barco da Visão Mundial (VM) juntamente com assessores adultos e a gerência da VM do Amazonas. Convocaram-me por conta do início do trabalho da metodologia MJPOP em Manaus no qual sou facilitadora do Grupo de trabalho (GT) JUMP (Jovens Unidos Monitorando Políticas Públicas).
Acredito que os participantes dos outros estados: Nathalia, Zé Sérgio, Paulinho, Mônica (RJ); Taty, Elis, Jasf (BA); Verônica (MG); Luana, Edgleison (CE); Daniel (AL); David, Reinaldo, Gidália (PE); não imaginavam o que iriam encontrar. Estavam com grandes expectativas para a realização desta atividade. No entanto, cada criança encontrada, cada sorriso irradiante por conta de uma simples brincadeira, cada obrigado carregado de muita emoção, ofereceram fortes momentos de revitalização para a moçada visitante. Aprenderam muito! E se divertiram bastante. 
Destaco aqui o jogo de futebol e os passeios de bote. Ah e o banzeiro!!! “Banzeirooo”. Nete e Karine, da VM-AM, são super figuras que foram como mães nessa semana. Fiz forte laço de amizade com elas.


Diante de diversas oficinas fiquei com a Leitura Bíblica Comunitária (LBC) com adultos e crianças. Os adultos relataram que vivenciar a LBC diminui as brigas na comunidade. As crianças sabem da importância da leitura da Bíblia na família. O que fizemos no total foi o pouco para as comunidades que precisam de muito mais. Mesmo assim, acreditamos de ter oferecido o nosso melhor.
Os momentos culturais nas comunidades proporcionaram partilha e descontrações. No fim, a equipe do Ajurí apresentou a metodologia MJPOP em Manaquiri e Manaus. Para aproveitar a viagem houve dois momentos de passeio: encontro das águas e comunidade do flutuante; e tour pela cidade de Manaus.
Na comunidade do flutuante pagamos para um passeio de lancha nas trilhas de igapó. O guia logo nos levou para uma casebre onde havia bicho preguiça, jacaré tinga e cobra jibóia. Esse momento foi de êxtase para o pequeno grupo aventureiro. Olhando para os animais e para a pequena casebre, me dei conta que a exploração de animais não rende nada. A família, pelo que observei, passa o maior perrengue. Após, visitamos as trilhas e nos deparamos com a árvore de Samauma. Foi quando quatro meninos molhados em suas canoas se aproximaram para venda de balas de cupuaçu e castanha. Como se fosse uma abordagem obrigatória. Nesse momento senti forte apelo no meu coração. Muita emoção em ver adolescentes que perdem sua infância para ajudar suas famílias. Todos eram lindos, com muita vontade de viver. Eu fiquei perturbada com a cena, mas tudo isso no meu coração. Somente eu entendia o que sofria em vê-los daquele jeito, porém não demonstrei nada e eles também não demonstraram nenhum desapontamento com a situação. Comprei uma última bala do seu recipiente para acabar com aquilo e vê-lo indo para casa se secar: assistir um filme quem sabe, ou ouvir uma música, ou melhor, ler um livro, quem sabe. 
No tour a cidade de Manaus visitamos o museu do índio, CIGS e Ponta Negra. No CIGS, um jovem mais amedrontado que observava as sucuris, tomou um baita susto quando uma folha seca caiu no seu pé. Um pulo daqueles! Rendeu grandes gargalhadas de todos. Já na Ponta Negra, tomamos sorvete. Foi quando no relapso de segundos a bola de sorvete do assessor nacional de participação cai do cascalho e com uma velocidade imaginável, Rei retomou a bola socando para permanecer no cascalho. Uma cena incrível de agilidade e pensamento rápido. E todos gargalharam durante vários minutos.
 
Enfim, nesse dia de tour da cidade foi meu aniversário. Bem diferente. Não passei com amigos em comum, mas sim com amigos de cidades distantes que acreditam na transformação. Posso dizer que esse foi um aniversário diferente recheado de lembranças para a vida toda!